"Estão a recolher assinaturas para levar à CONATEL (Comissão Nacional de Telecomunicações) o apoio à nossa estação", adiantou à agência Lusa o director da emissora Diogo José Freitas à Agência Lusa, descrevendo que os apoiantes da rádio, entre os quais muitos portugueses e luso-descendentes, "estiveram nas instalações, fazendo uma vigília e rezando".
"Eles dizem 'a nossa' emissora, porque consideram que a estação Playa 106.9 é a emissora deles, que os acompanha dia e noite na sua casa, no seu carro, no seu trabalho", contou Diogo José Freitas.
No dia 01 de Agosto, a CONATEL anulou as licenças de 32 rádios e duas estações de televisão em seis estados do país, obrigando-os a "desligar" os transmissores de imediato.
O Governo alega que algumas das licenças caducaram e que os proprietários de outras faleceram há anos. Os administradores das rádios, por seu lado, asseguram que cumpriram os procedimentos e pagaram pontualmente os impostos exigidos por aquele organismo.
"A principal razão para o nosso caso é o falecimento do detentor da licença", explicou o radialista à Agência Lusa.
Por outro lado, precisou que em três ocasiões se tentou tratar dos trâmites da transferência da licença junto da empresa gestora da rádio, mas a CONATEL nunca respondeu.
"Trimestre, mais trimestre, eles (CONATEL) cobravam os impostos e nós pagávamos", garantiu.
Segundo Diogo José Freitas, o sinal da rádio "Playa 106.9 FM" abrangia todo o Estado de Vargas (20 quilómetros a Norte de Caracas) e a emissora ocupava o primeiro lugar das audiências regionais, o que garantiu uma "distinção da empresa Record Report, que realiza os estudos para o top musical".
Diogo José Freitas considerou que o encerramento da rádio não foi uma medida política: "Só transmitíamos música e informação de carácter regional, do Governo regional", liderado pelo general luso-descendente Garcia Carneiro, próximo do Presidente Hugo Chávez.
"Os nossos advogados já estão a trabalhar no caso e estão muito esperançados. Dizem que há 99 por cento de possibilidades de regressarmos ao ar, porque temos tudo legal, quem não respondeu foi a CONATEL", disse.
Além dos ritmos venezuelanos e das Caraíbas, a "Playa 106.9 FM" incluía música portuguesa na sua programação, num Estado onde é significativa a presença e influência da comunidade lusa.
"Tínhamos um programa (Saudades de Portugal, com 17 anos de existência) aos sábados das 7 às 9 da noite, que transmitia em directo as informações de Portugal, a música, os comentários de tudo o que tem que ver com a comunidade portuguesa radicada na Venezuela e com Portugal inteiro", explicou.
As emissoras encerradas fazem parte de um grupo de 240 estações de rádio e televisão contra as quais a CONATEL abriu processos que poderão conduzir ao encerramento temporário ou definitivo.
Muitas das estações de rádio encerradas tinham uma linha editorial afecta aos oposicionistas a Hugo Chávez.
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