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Uma visita à África do Sul
2009-08-31

Por António José de Castro Guerra, Secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação.

Visitei recentemente a África do Sul. Fiz a visita por duas ordens de razões: por um lado, representar o Governo Português nas Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas; por outro, participar no World Economic Forum on África, que teve lugar na Cidade do Cabo entre 10 e 12 de Junho. Pela importância da Comunidade Portuguesa na África do Sul, tradicionalmente, as Comemorações do Dia de Portugal celebram-se em várias cidades do país.

Revisito a este propósito, a mais de dois meses de distância e só para citar  lguns exemplos, a memória dos contactos: com o Sr. Alexandre Santos, Presidente da Federação das Associações Portuguesas na África do Sul bem como do Secretário-geral o Sr. Comendador José de Quintal; o Sr. José Valentim, Presidente da União Cultural, Recreativa e Desportiva Portuguesa; o Presidente do Núcleo de Artes e Cultura de Joanesburgo; o Frei Gilberto Teixeira; o Deputado Manny de Freitas; o Varela Afonso, Director de "O Século de Joanesburgo"; o Sr. M. Silva, Chairman da Cosira, um dos maiores grupos empresariais da África do Sul na área das construções metálicas.

Todos eles, é certo, com fortes ligações afectivas e identitárias a Portugal, mas todos eles, também, cidadãos empenhados em promover as Comunidades Portuguesas e a sua integração no grande país que é a África do Sul, ele próprio um conjunto heterogéneo de comunidades. Um país que, segundo os ensinamentos de Nelson Mandela, só pode construir o futuro assente no respeito e criação de oportunidades para todas as suas comunidades. A África do  ul é um grande país com cerca de 50 milhões de habitantes, dotado de imensos recursos naturais, com um PIB de cerca de 300 mil milhões de dólares e que está vocacionado para ser um grande player no Continente Africano.

É já, aliás, o maior parceiro comercial africano da União Europeia, o qual, ao abrigo de um Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação assinado em Pretória em 1999, vem progressivamente aumentando as exportações e importações de bens e serviços com a Europa Comunitária. A realização na Cidade do Cabo do World Economic Fórum on Africa - em que participei - pretendeu exactamente sinalizar, aos olhos do mundo, a importância da África do Sul, não só no contexto do Continente Africano, mas também, no concerto das Nações. Esta sinalização releva da reputação da entidade organizadora - o Wold Economic Fórum -, dos temas em discussão e da presença de participantes originários de muitas dezenas de países - chefes de Estado, membros de governos, homens de negócios, instituições internacionais, org nizações não governamentais, etc.

Não cabe na economia deste artigo fazer a síntese dos múltiplos tópicos que foram discutidos na conferência. Fixar-me-ei, apenas, em três ideias chave, que são relevantes para Portugal e para a Comunidade Portuguesa na África do Sul. A primeira ideia é a seguinte: pela sua diversidade populacional, o futuro da África do Sul só pode ser forjado numa maior coesão social e no reconhecimento de que as diferentes comunidades têm um destino comum. A segunda ideia está ligada à convicção de que o sector privado tem um importante papel a desempenhar na construção do futuro do país.

A terceira ideia defende a necessidade de uma maior integração da economia sul africana no contexto dos países africanos - em particular os de maior proximidade geográfica - e do Continente Africano na economia mundial. À luz destas ideias, sendo a África do Sul o principal parceiro comercial da União Europeia e sendo crítico para Portugal diversificar as relações comerciais através de uma diplomacia económica que mobilize as empresas e as comunidades portuguesas para uma maior afirmação de Portugal no mundo, a África do Sul, Angola e Moçambique, formam um trio de países a que deve ser dada uma particular atenção conjunta no quadro daquela diplomacia.

Uma particular atenção conjunta, com um duplo propósito: por um lado, aumentar as relações comerciais e de investimento das empresas portuguesas com aqueles três países e, onde quer que elas estejam sedeadas, das empresas de portugueses entre si; por outro lado, ajudar a integrar as economias daqueles três países entre si e de cada um deles com a economia Portuguesa. Neste propósito, os actores mais dinâmicos das comunidades portuguesas presentes no sul do Continente Africano, em estreita colaboração com a diplomacia portuguesa, podem desempenhar um importante papel.

O Século de Joanesburgo, aqui.

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