O secretário-geral do PS falava, no dia 25, a um grupo de
representantes das comunidades portuguesas em vários países, no âmbito da
pré-campanha às eleições Legislativas de 27 de Setembro. Acompanhado pelo
secretário de Estado das Comunidades, António Braga, e dos candidatos
socialistas pelo círculo da Europa, Paulo Pisco e Lurdes Rodrigues, José
Sócrates disse ainda que a defesa do português representa também a defesa "dos
interesses das nossas comunidades, nos outros países".
"O grande esforço que temos pela frente é sem dúvida, defender a língua
portuguesa, e estamos a fazê-lo em vários domínios", afirmou, sublinhando que
no âmbito da actual presidência portuguesa da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), a promoção da língua comum a todos os países membros "é o
ponto principal da nossa agenda".
Importância económica das comunidades
O secretário-geral do PS destacou ainda a necessidade de valorizar as
comunidades e afirmou que Portugal tem "uma responsabilidade para com esses
emigrantes e para com as gerações que os sucederam", e também pela importância
que têm no apoio ao "comércio externo" e à "afirmação do país".
"Tem sido um erro que cometemos ao longo de várias décadas, não perceber que
grande parte da afirmação de Portugal, das nossas empresas, dos nossos valores,
em vários países, está muito dependente da afirmação das nossas comunidades. No
Brasil, na Venezuela, na África do Sul, em França e outros países europeus",
acrescentou, dando como exemplo a relação económica entre Portugal e a
Venezuela, que considerou ter sido "finalmente potenciada", porque o Governo
compreendeu "que os portugueses que vivem na Venezuela são uma comunidade bem
sucedida, bem integrada, que pode dar um contributo à melhoria da relação
comercial" entre os dois países.
José Sócrates referiu também a obrigação de melhorar "todos os serviços ao
nível consular", no sentido de "simplificar os actos administrativos que os
órgãos da Administração prestam aos emigrantes", e de valorizar as comunidades
portuguesas enquanto "instrumento da afirmação" de Portugal.
Aulas de português
A residir na Inglaterra há quatro anos, Mafalda Piçarra, defende que há uma
série de serviços burocráticos que têm que ser melhorados para que os
portugueses a residir naquele país tenham um melhor acesso a direitos básicos e
cita a falta de tradutores que possam apoiar os portugueses que ainda não
dominam o inglês. Actualmente a tirar um doutoramento em Estudos Asiáticos,
e membro da secção do PS em Londres, Mafalda sublinhou ao Emigrante/Mundo
Português ainda que há interesse da comunidade em mais aulas de língua
portuguesa, mas cita dificuldades ao nível das distâncias a percorrer e dos
horários. Defende ainda que deveria "mais interacção" entre os portugueses que
estão radicados no país há mais anos e os novos, tanto trabalhadores como
estudantes.
Em França desde 1969, João Veloso defende mais apoios ao movimento associativo
e mais acções que incentivem a ligação dos luso-descendentes a Portugal.
Presidente da Associação Os Camponeses Minhotos, de Clermont Ferrand, está
actualmente empenhado na construção de uma nova sede para a instituição, um
projecto que, diz, está a encontrar dificuldades, e que ainda está na
expectativa de conseguido apoios do governo português. "A autarquia de Clermont
Ferrand apoiou-nos com 35 mil euros", afirmou, acrescentando que a associação
insere-se numa região onde residem "cerca de 61 mil portugueses".
Empresários mais influentes
Empresário do ramo alimentar na Suíça, onde reside desde 1964, José de Sousa,
também acredita que o ensino da língua portuguesa deve ser uma prioridade do
Governo, já que continua a haver interesse por parte dos pais, em que os filhos
aprendam a sua língua materna.
Na área económica, afirma que "os empresários da Diáspora podem ser mais
influentes" na dinamização da economia portuguesa no estrangeiro se o governo
aproveitar o potencial que têm a sua ligação afectiva a Portugal. Dando como
exemplo o seu sector de actividade, afirma que os portugueses "são o veículo
que transmite os sabores dos produtos alimentares nacionais" aos naturais dos
países onde residem.
O empresário defende a realização de estudos de mercados nos países onde
existam importantes comunidades portuguesas, que revelem o "nível empresarial
português" e as suas potencialidades.
Ana Grácio Pinto
apinto@mundoportugues.org
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