"Livro" fala da História recente de Portugal, "de acontecimentos dos últimos 50 anos, com destaque para a vaga de emigração para França, uma aventura que milhões de portugueses empreenderam em busca de uma vida melhor", contou José Luís Peixoto, que tem ligações pessoais ao tema.
"Os meus pais foram para França nos anos 60 e regressaram dois anos antes de eu nascer. Uma das minhas irmãs ainda nasceu lá", revelou o escritor, de 35 anos, para quem a emigração massiva de há meio século simbolizou "a passagem de uma sociedade rural a uma sociedade urbana".
Apesar de a experiência dos pais ter tido um papel importante na escolha do tema, "o romance não é a descrição das suas vivências", esclareceu Peixoto.
Quanto ao título, o autor afirmou apenas que "é justificado em vários momentos ao longo do próprio romance", a lançar pela Quetzal, que se prepara também para reeditar os anteriores livros do autor.
José Luís Peixoto disse ainda à Lusa que vai iniciar, em Outubro, um conjunto de viagens com vista à divulgação da sua obra literária no estrangeiro.
"A primeira paragem será a Feira do Livro do Uruguai, onde vou apresentar 'Morreste-me' e 'Cal', dois livros que, naquele país, serão editados num único volume, intitulado 'Histórias da Nossa Casa'", contou.
Seguir-se-á o Canadá, onde vai marcar presença nas bodas de prata da Casa do Alentejo em Toronto - um convite que surgiu porque, apesar de viver em Lisboa há 17 anos, continua muito ligado àquela província, "sobretudo através da escrita".
O autor desloca-se depois à Roménia, onde participará num festival para apresentar a edição romena do seu primeiro romance, "Nenhum Olhar", que conquistou o Prémio José Saramago em 2001.
O conjunto de viagens termina em Novembro no Brasil, onde Peixoto vai lançar "Uma Casa na Escuridão" e comparecer na Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas, evento que reunirá outros escritores, nomeadamente a também portuguesa Inês Pedrosa, o uruguaio Eduardo Galeano ou o chileno Antonio Skármeta.
O escritor congratulou-se ainda porque, em França, onde "Cemitério de Pianos" teve chancela da Grasset, sairá em breve a edição de bolso deste livro pela Folio, "editora do grupo Gallimard que publica poucos escritores vivos e todos de reconhecida qualidade".
Também "Nenhum Olhar" tem já edição de bolso prevista para os Estados Unidos, onde o livro em capa dura vendeu 10 mil exemplares, "em parte porque a obra integrou a lista 'Discover Great New Writers' [Descobrir Óptimos Novos Escritores], publicada semestralmente pela cadeia livreira Barnes & Noble", assinalou.
Entretanto, a partir de hoje, o excerto de um poema que incluíu no livro "Gaveta de Papéis" - vencedor do Prémio de Poesia Daniel Faria 2008 - vai circular em português e em polaco no Metropolitano de Varsóvia, no âmbito de uma campanha de divulgação da poesia na capital da Polónia.
HSF.
Lusa/fim
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